Silvia às vezes me chama de “franciscano” devido à minha economicidade e, em particular, relutância de comprar roupas. Em contrapartida, sua maior despreocupação com gastos de vez em quando me exaspera. Meses atrás, ela inventou de alugar por cinco dias uma casa na praia de Itajuba, em Santa Catarina, o que me aborreceu muito porque achei que esse dinheiro deveria ser poupado, por esperar um começo de ano financeiramente difícil – na realidade, nossas finanças estarão até melhores neste semestre. Depois, fiquei com medo de possíveis acidentes por irmos com quatro crianças inconsequentes – nossa empregada também ia e levaria a filha –, sobretudo pelo comportamento difícil da filha mais velha de Silvia.

As meninas realmente fizeram vários tumultos a cada dia ao ponto de termos de gritar com estas, mas nada de errado aconteceu. Passei boa parte da infância morando de frente para o mar, aprendi a lidar com ele mesmo se estiver bravio – algo notável para quem tem PC severa – e nunca perdi tal habilidade, embora vá à praia bem pouco. Nesses dias, minha maior diversão foi brincar com as ondas e só no último é que contei a Silvia que minha família nunca me deixou sozinho num mar bravio; quis fazer um vídeo disso, inclusive para tirar onda (!) dos meus familiares, mas na ocasião estava sem a prancha de comunicação e Silvia não me entendeu. Também passamos um dia no Beto Carreiro World, no qual, pelo tratamento preferencial a pessoas com deficiência, usamos um número maior de brinquedos do que se tivéssemos de enfrentar filas. Saí de Itajuba receptivo a essas viagens... desde que não prejudiquem nossas finanças.

 

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