Entre a noite de terça e a manhã de quarta, houve um problema grave aqui em casa – que não vou descrever para preservar nossa privacidade – que implicou um sério risco para Clara, embora na terça eu tenha conseguido isolá-la do perigo. Na quarta, passei a maior parte do dia me sentindo fisicamente mal, talvez porque não tenha encontrado um modo de protege-la, apesar de nada de errado haver ocorrido com esta. Em Recife, também passava por situações familiares extremas, mas o estresse resultante não chegava ao ponto de ser somatizado com tanta frequência quanto acontece aqui e venho me perguntando porquê.

Silvia já disse “você cuida mais de mim do que eu de você”, ”dou mais trabalho a Ronaldo do que ele a mim”, etc – evidentemente essas afirmações não correspondem à realidade e sua única gota de verdade é que não sou só um dependente de Silvia, mas também responsável por ela e suas filhas, embora a responsabilidade que mais pesa seja Clara. Por outro lado, muitas vezes me vejo incapaz de resolver ou atenuar os problemas que surgem, por ter paralisia cerebral e baixa renda. Talvez devesse me isentar um pouco desse contexto, mas minha personalidade vai na direção oposta, de querer abarcar tudo, exigir muito de mim mesmo. Assim, acho que a resposta é ter um excesso de senso de responsabilidade combinado a uma aguda consciência das minhas limitações físicas e financeiras.

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