Ouço a estranha frase “você (ou ele) não dá trabalho” dos meus familiares há não sei quanto tempo, talvez desde que tinha 25 ou 30 anos. Tomada literalmente, é infundada porque me alimentar, banhar, vestir, etc, implica em trabalho. Até recentemente, imaginava que trazia implícita uma comparação com as crianças, que frequentemente fazem birra. Há décadas, meus irmãos e eu nos preocupamos com como fariam para cuidar de mim e da minha irmã que tem deficiência quando nossos pais não estivessem mais vivos, questão que vem voltando à tona, para animá-los venho dizendo que o problema está resolvido no que me refere, ao que meu irmão respondeu que cuidar de mim tem aspectos prazerosos e divertidos – creio que Silvia diria o mesmo, inclusive porque sua expectativa inicial era que eu fosse um chato no cotidiano. De fato, faço o máximo para facilitar a vida do cuidador do momento, sou paciente, bem-humorado, tolerante, sem hábitos muito rígidos, etc – essas e outras características beneficiam minha convivência com os outros. Mas dou trabalho, sim.

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